Babalu: Angela Maria e o poder de um canto-ritual

Em 1958, uma gravação improvisada deu origem a uma das interpretações mais marcantes da carreira de Angela Maria. Na época, o pianista e maestro Waldir Calmon estava nos estúdios da gravadora Copacabana Records (hoje comprada pela Universal Music) finalizando mais um de seus álbuns dançantes — Quando Os Astros Se Encontram — quando teve uma ideia: convidar a cantora que ensaiava no estúdio ao lado para dar voz a uma de suas faixas. A cantora em questão era ninguém mais ninguém menos que Angela Maria, uma das maiores estrelas do rádio brasileiro, conhecida como Sapoti, apelido carinhoso dado pelo próprio presidente Getúlio Vargas. Aos 28 anos, no auge da carreira e membro do elenco da Rádio Nacional do Rio, Angela aceitou o convite e, sem saber que estava sendo gravada, soltou a voz em um ensaio informal. O resultado foi tão impressionante que o que ouvimos hoje é justamente esse ensaio espontâneo — uma gravação que capta a emoção crua e a entrega visc...